A BÍBLIA
É qual estreito o vaso humano
Que trasborda, ou se quebra, se fermenta o veneno que encerra.
De gota em gota o fel da desventura na alma vai nos embebedando
De que o corpo converte-se em masmorra, de que a alma busca fugir.
Quem vê uma flor que em prado brilha, parecendo exalar vida e doçura
E ri-se em cada pétala viçosa.
Quem pode ver o formigueiro oculto, que o coração do homem rói e lacera?
Se eu sofro ou não, só eu, só Deus sabe.
Mas feliz quem nos seios de sua alma acha uma grande idéia que o consola
Como uma taça de suave néctar, que lhe acalma as entranhas sequiosas.
Não! Não és tu Filosofia humana quem me roubará a crença.
Sábias lições de sofrimento ditas. Mas o valor acaso podes tu dar?
Quantas vezes o mal frustra a ciência! Pura fonte de conhecimento, inexaurível
Onde sempre o infeliz adoça suas dores.
Livro Sagrado, vem consolar-me. Vem saciar-me na minha dor.
Meu peito anciado de ti carece, sem ti falece o meu vigor.
A ti recorro triste e sedento, que este tormento me faz gemer.
Dá-me socorro no mal extremo, vem, se não temo a dor ceder.
Cada palavra que me vás dando é qual um brando, suave mel.
Já em mim lavra a Paz do empíreo; Dor do meu martírio se adoça o fel.
Por: Poetinha